A MELHOR RUA DO BAIRRO (RUA Y)
COIMBRA - ANOS CINQUENTA
BAIRRO MARECHAL CARMONA
A casa era grande e alegre e a rua comprida e larga, a perder de vista...
Logo,logo... a parede dianteira da casa foi ocupada por uma família de andorinhas que meu pai adquiriu com um sorriso gaiato, numa noite luarenta de verão, na feira do Espírito Santo.
Não só dispunha de um confortável quintal de imediato repovoado por uma laranjeira e uma ameixieira de fruto vermelho, sumarento e carnudo, como de um apetecível espaço dianteiro que mais tarde se cobriria de flores coloridas, criando um lindo jardim.
Contudo o meu especial mundo estava a poucos metros, do outro lado da rua.
O inatingivel em qualquer outra parte do mundo, estava ali ao meu alcançe.
Sob os raios do sol brincava nesse espaço radioso que me abria fronteiras para o infinito e quando baixava o escuro do entardecer e o sol se punha, alumiado pela luz das mais brilhantes estrelas, ressurgia noite após noite, o mundo encantado dos lusi-cus, mouchos, corujas, e morcegos que embora um pouco assustadores me alimentavam a devoradora imaginação.
Horas passadas em enleio de poesia, observando coloridas e tranlúcidas asas de belas borboletas, saltos de disformes mas encantatórios gafanhotos, a delicadeza das joaninhas que na plataforma do meu indicador esvoaçavam para Lisboa procurando o progenitor, os bichos de conta enrrolados no seu medo e os caracóis em cujos corninhos tocávamoa para logo apelar à sua aparição num rogo cantarolado.
O jogo da cabra cega,do mata, dos reis e das rainhas, da macaca, do anelinho, das bicicletas, dos patins rolando a ferro e das amolgadelas diárias dos joelhos, no chão "macio" do caminho.
Rua calma e tranquila, em que num breve olhar sempre se vislumbrava... uma alma amiga.
Rua calma e tranquila em que se deliniava...o sonhado futuro!
NelaCurado
Para que conste;
Hoje, Bairro Norton de Matos, Rua de Moçambique
(contra minha vontade)
BAIRRO MARECHAL CARMONA
A casa era grande e alegre e a rua comprida e larga, a perder de vista...
Logo,logo... a parede dianteira da casa foi ocupada por uma família de andorinhas que meu pai adquiriu com um sorriso gaiato, numa noite luarenta de verão, na feira do Espírito Santo.
Não só dispunha de um confortável quintal de imediato repovoado por uma laranjeira e uma ameixieira de fruto vermelho, sumarento e carnudo, como de um apetecível espaço dianteiro que mais tarde se cobriria de flores coloridas, criando um lindo jardim.
Contudo o meu especial mundo estava a poucos metros, do outro lado da rua.
O inatingivel em qualquer outra parte do mundo, estava ali ao meu alcançe.
Sob os raios do sol brincava nesse espaço radioso que me abria fronteiras para o infinito e quando baixava o escuro do entardecer e o sol se punha, alumiado pela luz das mais brilhantes estrelas, ressurgia noite após noite, o mundo encantado dos lusi-cus, mouchos, corujas, e morcegos que embora um pouco assustadores me alimentavam a devoradora imaginação.
Horas passadas em enleio de poesia, observando coloridas e tranlúcidas asas de belas borboletas, saltos de disformes mas encantatórios gafanhotos, a delicadeza das joaninhas que na plataforma do meu indicador esvoaçavam para Lisboa procurando o progenitor, os bichos de conta enrrolados no seu medo e os caracóis em cujos corninhos tocávamoa para logo apelar à sua aparição num rogo cantarolado.
O jogo da cabra cega,do mata, dos reis e das rainhas, da macaca, do anelinho, das bicicletas, dos patins rolando a ferro e das amolgadelas diárias dos joelhos, no chão "macio" do caminho.
Rua calma e tranquila, em que num breve olhar sempre se vislumbrava... uma alma amiga.
Rua calma e tranquila em que se deliniava...o sonhado futuro!
NelaCurado
Para que conste;
Hoje, Bairro Norton de Matos, Rua de Moçambique
(contra minha vontade)
5 Comentários:
Bonito retrato desse mundo especial que já não temos naquele bucólico lugar a que hoje se chama rua de Moçambique. Ali nasci há 67 anos.
PM
Já não me lembrava de como era...antes do sobreiro, claro!
Imortalidades ?...
Nela, as tuas reminiscências em relação à rua Y, evocam-me muito as minhas... Porque sem esse "território", a minha viagem existencial seria necessariamente outra.
Um abraço amigo para tua casa.
C.Falcao
Viviamos uns com os outros numa partilha generosa, feita de cumplicidade e amizade sincera que deu beleza às nossas vidas e que guardamos bem dentro do nosso coração.
Naquela época em frente à tua casa ficava o Olival, depois o Pinhal,com tudo aquilo de que falas e que era um tesouro para nossa imaginação criadora.
Maravilhosa infância foi a nossa!
E depois o Rio Mondego onde, nós raparigas, só íamos bem mais velhinhas com a autorização expressa dos pais e bem acompanhadas não fosse a paisagem bucólica nos armar alguma cilada!
Assim surgiram amores platónicos, os únicos que perduram intocáveis, por toda uma vida.
Sinceramente, apesar dos contratempos e da rigidez da moral da época, achei esses tempos, LINDOS.
Como aqui se diz, as ligações eram profundas e perenes.
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