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sábado, 11 de agosto de 2012

GUIMARÃES

COUROS











Era uma vez uma zona, que antes de ser bairro, era ribeira.
Por lá não chilrriavam os pássaros, pois estes por lá não voavam.
Não se piquenicava à sombra das árvores, porque estas lá não cresciam.
Não se ía lá receber a aragem do anoitecer, uma vez que o ar não corria leve.
Era uma vez uma zona onde se trabalhava. Onde literalmente, se deixava a pele a trabalhar. Onde se tratava do couro dos outros animais que não o homem, mas onde alguns homens (e escassas mulheres) davam, por assim dizer, o seu "couro" para que outros usassem aqueles.

Era uma vez um bairro habitado por indústrias pesadas, à beira das quais só uma classe vivia, a dos seus operários. Uma classe homogénea na sua circunstância, na sua profissão, no seu cheiro.
Uma classe que mesmo quando do bairro saía, transportava em si toda a sua condição, percebida pelo olhar, mas sobretudo pelo olfato, de quem a ela não pertencia.
Era uma vez um bairro, atravessado pela ribeira homónima que possuía contudo heterónimos e figurativos como o de "rio merdário".
Esta zona este bairro, esta indústria, esta ribeira, esta gente, partilhava um só nome:
COUROS

COUROS é agora cidade dos que já lá estavam, dos que aí nasceram e cresceram e de quem a ela hoje chega para viver, trabalhar, estudar, pensar, criar e, até, passear.

AGORA É COUROS, CIDADE ABERTA, CIDADE DE TODOS

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