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terça-feira, 27 de maio de 2008

ARNALDO MENDONÇA, O ESTARALHA

O ARNALDO MENDONÇA
Histórias do Bairro
27-05-2008
Ainda se lembram dele? Morava na R. Afonso de Albuquerque perto da Praça dos Baloiços.Que será feito dele? Há uns largos anos disseram-me que era pintor, no Porto, mas nunca pude confirmar.Aliás, valha a verdade, pintores todos somos um pouco, por isso o Arnaldo Mendonça, se o é ou foi, não faz ou não fez nada em que nós todos não sejamos especialistas.Numa tarde ensolarada, estava a malta espalhada pela esplanada do Café do Silva, carregados de livros, só para enfeitar, quando repentinamente passa o Arnaldo Mendonça disparado em alta velocidade, de bicicleta.Coisa estranha. De facto, ele não tinha bicicleta, pelo menos que nós soubéssemos.Ainda mal tínhamos acabado de comentar a novidade, eis que de novo o Arnaldo, o cu levantado do selim, e o corpo curvado, passava uma vez mais à nossa frente exibindo os seus ignorados dotes velocipédicos em louco sprint.À terceira vez, resolveu parar, estacionou a bicicleta junto ao passeio e juntou-se a nós com ar orgulhoso à espera das nossas reacções.Claro que elas não se fizeram esperar:

- Eh pá, que luxo! Tens uma bicicleta nova e nem dizias nada à genteatirava o Chico Nunes.
- Nova é como quem diz - corrigia pachorrentamente o Elói. Realmente aquele chaço parece ter mais de cem anos!
- Cem anos não digo, mas para aí uns 90 não deve falhar, completava o Zeca Mestre que se pelava por ser rigoroso nas suas conjecturas.
Enfim, uns elogiavam a nova máquina, outros, a maioria, talvez ressabiada por não ter nenhuma, ia-lhe encontrando defeitos.
O Arnaldo Mendonça reconhecia que não era nova, longe disso, tinha até sido muito barata no ferro velho onde a descobriu, mas que era uma grande máquina, cheia de características ( fosse lá o que fosse isso... ), não tinha dúvidas.
Garantia que ela atingia altas velocidades ( devia ser de algum motor oculto...), e conferia uma completa segurança nas curvas.
E para demonstrar essa magnifica segurança, prontificou-se a fazer uma demonstração.
Montou na bicicleta, tomou balanço, e já em boa velocidade, junto à entrada da Rua Infante Santo, quis fazer uma curva apertada à esquerda, inclinando o corpo e a bicicleta.
O raio é que, quando o Arnaldo guinou repentinamente o guiador para a esquerda, este partiu-se e, claro, não comandou a viragem da roda.
Ou seja, a bicicleta continuou em frente quando o pretendido era que ela flectisse para a R. Infante Santo.
Final da História:
A bicicleta galgou os arbustos do quintal da casa que faz esquina com a Infante Santo e foi aterrar em cima do Sr. Remédios que sossegadamente descansava ao sol num cadeirão dentro do seu próprio quintal.
O Arnaldo, de guiador na mão e um golpe na testa, pedia desculpa ao incrédulo e assustado Sr. Remédios.
E passados tempos, o Sr. Remédios mandou colocar uns arames entrelaçados nos arbustos.
Nunca cheguei a saber se para homogeneizar os arbustos, ou se para evitar futuros acidentes...
Talvez o Arnaldo Mendonça um dia nos possa explicar.
Texto de Rui Felício

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12 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Pois foi...ehehehe.
Mais tarde fui cumplice com uma Lambreta. Alugamos um quarto na Figueira da Foz onde acampavamos la uma meia duzia. Para nos safarmos nas ferias,o Arnaldo levou umas pinturas e fomos fazer uma exposição ao pe dos Caras Direitas em Buarcos.
Já não lembro bem o que rendeu, mas que ficamos por lá duas semanas , lá isso ficámos.Faziamos umas sopinhas de leite em po, com pão e era um bom pequeno almoço. Ainda hoje nem o cheiro....
Doutra vez e com a Lambreta fomos á Moura Morta a um baile de anos do Jaiminho que era filho do Director da Escola Brotero.Logicamente o Arnaldo ofereceu um quadro que ainda hoje o Jaime Henriques lá tem na aldeia. Muito bebeu o Arnaldo e assim la tivemos que dormir num anexo, porque não estavamos em condições de vir para Coimbra. Na altura não se soprava no balão nem em lado nenhum....ehehehe.
Tambem não conto a estoria dos 23 bagaços do Arnaldo. Deixo essa estória para o Felicio.

Alvaro

3:20 da tarde  
Blogger Rui Felicio disse...

Receio contar a história dos bagaços do Arnaldo Estaralha e ele ofender-se.
Não seria melhor pedir-lhe o copyright primeiro?
Rui Felício

3:28 da tarde  
Blogger Unknown disse...

Penso que ninguem se ofenderá das coisas de ha 40 anos. Ja todos somos avôs....eheheheh.
Se eramos herois para fazer aquelas tropelias, não será agora que deixaremos de o ser....conta conta.....não nos coibiremos.
conta entao de uma maneira soft.....
Alvaro

4:26 da tarde  
Blogger ié-ié disse...

Esta deliciosa história do Felício faz-me lembrar outra, bem mais dramática, que comigo se passou.

O drama é que não me lembro muito bem do nome da vítima. Só sei que era do Bairro, mas não das casas do Bairro. Bernardo? Bernardino?

Bom, o tipo tinha a mania de ir ao Bairro de bicicleta galar as nossas namoradas. Que desfaçatez! Não estive com meias medidas.

Escondi-me atrás de um candeeiro armado com uma vassoura à espera que o intruso passasse.

A minha ideia era apenas a de arremessar a vassoura para baixo, só para o gajo passar por cima dela e assustar-se.

Qual quê? A vassoura voou baixinho e foi meter-se nos raios da roda da frente! Que raio!

Mas que grande piparote e que belo voo e queda de costas do forasteiro! Parecia um número de circo!

A cena passou-se no candeeiro frente à casa da Mila. Eu apanhei um susto do caraças - ai que matei o gajo! - e cavei para minha casa, logo ali ao pé.

Poderia ter ido por aquele carreirozito que dava pró Clube, mas não.

A vítima - a quem presto homenagem - com a camisa rasgada e jorrando sangue das costas foi lesto a perseguir o agressor...

O resto já não me lembro ou não quero lembrar-me!

Gim

6:38 da tarde  
Blogger Rui Felicio disse...

ESta história do GIM é tipica dele..

Era uma peste! Mas uma peste boa que a gente gramava mesmo!

É curioso porque o Gim era a antitese do irmão Mário.

O Gim sempre pronto a inventar uma nova.. O Mário mais recatado era mais do meu estilo.. Mordia pela calada, mas eram mordidelas doces, meigas, amorosas...

Rui Felicio

7:29 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

posso acrescentar que era um Benamor...e que o Pai te deu uma desanda...quanto aos bagaços do Arnaldo só me lembro dele no cavalo selvagem, ao pé do campo da arregaça a dizer que estava a ver a torre da universidade...outra dele foi quando inventou a sanduiche de pescada cozida...

7:45 da tarde  
Blogger Rui Felicio disse...

Prometo que vou alinhavar a historia dos bagaços do Arnaldo Estaralha.

Mas á laia de pré-publicação sempre vou resumindo e evento.

1. - Foi no Café Abrigo
2. - Ele e alguém que já não me lembro apostaram qualquer coisa que agora nao interess nada, para ver quem bebia mais bagaços
3. - à revelia do Arnaldo, ao outro apostador ( que pena nao me lembrar quem era...), eram servidos cálices de água
4. - Ao Arnaldo, claro, eram servidos cálices de bagaço vadio
5. - O outro aguentou dezasseis cálices de água
6. - O Arnaldo bebeu dezassete cálices de bagaço

E GANHOU A APOSTA!

Rui Felicio

7:55 da tarde  
Blogger Rui Felicio disse...

E agora relendo estes post, fico espantado:

- Como é que nós queriamos que as miudas se interessassem por nós se, em vez de as enchermos de mimos e atenções, passávamos a vida nestas parvoeiras?

Rui Felicio

7:58 da tarde  
Blogger ié-ié disse...

Benamor, isso mesmo! Tks, Mário.

Gim

8:04 da tarde  
Blogger Unknown disse...

Tem graça dizeres isso da "peste", Ó Hisórico de 44, porque na instrução primária eu era conhecido como o "terramoto".

Gim

8:39 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

tb me pareciam que eram 17...servidos de um garrafão...

9:31 da tarde  
Blogger abilio disse...

Bem o Arnaldo era um "berdadeiro artista", já não sei quem estava presente, mas uma vez, no Greco, convencemos o Arnaldo que ele tinha boa voz e que para tirar melhor partido devia cantar para dentro dum cântaro de barro. Então lá cantava o Arnaldo para o cãntaro e um dizia que devia afastar o cântaro outro que deveria pôr a boca dentro do cãntaro até quec com o cãntaro para a frente e cântaro para traz este acabou por se partir e o Arnaldo saíu desesperado e assim desistiu duma "brilhante" carreira.

Abílio

11:32 da tarde  

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