<

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

HISTÓRIA DO GRITO ACADÉMICO

F-R-Á ... FRÁ ! ...

Esquecidos os vivas “à Revolução Social” e “à inconsolável viúva do padre António Vieira”, lançados e popularizados pelo Pad-Zé, sem dúvida que só o F-r-á conquistou direitos de cidade entre a Malta coimbrã.
Não será curioso, então, fixar o momento em que tal brado se radicou na Academia de Coimbra ? Cremos que sim e, por isso, redigimos este apontamento.
Quando – ainda não era, sequer, morrão de candeia – comecei a assistir a desafios de futebol, ouvi, uma e muitas vezes o Ribeirinho ( capitão de equipa ), tenente dos artilheiros…capitão dos carvoeiros, lançar o clássico “hip-hurrah”.
Por essa mesma altura lembro-me de ter ouvido um outro grito que creio ter tido apenas uma vida episódica e de que recordo só a parte final: - “Carvão, meninas…”.
O “ hip-hurrah “ era, entretanto, de uso generalizado e só os rapazes da República dos Grilos utilizavam a voz do seu insecto totémico para grilarem o seu “ cri-cri, cri-cri e os bichos o erudito “ Hic, haec, hoc “ ou o “ Qui, quae, quod “.
Outros brados tiveram memória transitória ; “ala-ala-arriba”, “ Cow-boy… tau-tau-tau… Allô, sheriff “ e o do “ …pico-pico… meia-hora “ mas, como inicialmente observámos, só o “ F-r-à “ se radicou fortemente e foi alastrando de um curso para a Academia, começando a ser o brado distintivo dos desportistas académicos e dos elementos dos organismos culturais da Academia – e com eles se faz ouvir de Norte a Sul de Portugal, nos relvados, nos rinques, nas piscinas, nos teatros, nos salões de recepção e nas ruas.
Vejamos, então, a sua origem:
Foi em 1937 que um grupo de estudantes brasileiros estagiou em Coimbra,
tendo ficado instalados nas Repúblicas então existentes.
Foram, precisamente, estes rapazes que trouxeram para Coimbra o F-r-à, que,
aliás, como toda a semente de planta que se preza, levou algum tempo a germi-
nar – um ano, exactamente – mas depois se enraizou como sabemos…
Recordada a sementeira, vejamos como se deu a eclosão da planta e o jar-
dineiro a quem se deve a obra.
Na Queima das Fitas de 1938 os festivais realizaram-se no Jardim Botâni-
co. Numa das noites juntou-se um grupo bastante grande que resolveu fazer pé de vento. Propostas, apreciadas e recusadas várias sugestões, fixámo-nos em duas que recolheram a unanimidade dos sufrágios: o irmos cantar às meninas uma parte de uma canção que começava pelo verso “Deixa essa triste cara…” e lançar como brado o F-r-à. O que é certo é que foi o Divaldo, que acompanhara os seus compatriotas no ano anterior e que aprendera ( e ainda bem que recordou ) o Frá, fré, fri, fró, fru ,que deu a primeira sugestão e dito e feito, após meia dúzia de ensaios iniciou-se a digressão de todos os quintanistas de Medicina presentes que formaram um cordão que cercou as moças consideradas jeitosas e… e despejaram a cantilena.
No dia seguinte ( 27 de Maio ) quando chegámos ao festival, à futrica, encontrámos muitos grupos, grandes e pequenos, de académicos, fitados, grelados e sem insígnias, que cantavam por todos os cantos o “ Deixa essa triste cara, em que ninguém repara…” e por todos os cantos bradava “ F-r-á, frá; f-r-é, fré;…”.
A sorte estava lançada…
…E quanto ao “F-r-á” não se pode dizer que a sorte lhe tenha sido madrasta.
VERSÃO ORIGINAL:
“ F-r-á… frá ; f-r-é… fré… ; f-r-i… fri ; f-r-ó… fró ; f-r-u… fru ;
“ Alêguá guá-guá ; alêguá guá-guá ; chi ri bi bi tá-tá tá-tá ; hurrá , hurrá !”

Fonte: Rua Larga

Etiquetas:

5 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Hoje ja me apeteceu gritar um F-R-A com diz ali o amigo Ferrão.

10:26 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

É interessante saber isto!
Os brasileiros, que vieram para Coimbra nos anos 60, a maioria para medicina, também traziam um grito, que já ouvi nas telenovelas! Não me lembro bem, mas era qualquer coisa como: "É pic, é pic, é hora, é hora, á xim pum!!!" chegámos a ter este grito, quando formámos o "Bloco 6", com os brasileiros que estavam hospedados no Bairro e com a malta que lá vivia. Não teve o impacto, do Greco ou do Kamuque, mas ainda agitou bastante em 2 ou 3 carnavais!

11:34 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Ainda te lembras daquele brasileiro que morava por cima do Romano e que tinha um Mercedão?.
Meio escuro e gorducho que passava mais tempo a viajar para a Suiça do que a ir a alguma aula e a quem lhe chamavam já o tupamaro. Foi dos primeiros a arrendar apartamento em Coimbra.
Constava-se que aquela massa que ele apresentava, não era das arvores das patacas.
Ja nessa altura o po branco dos brazucas rivalizava com as ervitas que a tropa trazia la das Africas.
Era uma alegria. Ate no Bairro e nos apartamentos do predio dos Tijolos era uma alegria.
Sabe-se que esse brazuca depois desapareceu e foi de cana.
É capaz de ser hoje um empresario de sucesso, lá nas terras para onde foi o " Cabral".

12:31 da tarde  
Blogger Rui Pato disse...

Chamava-se Jandir. Tinha três carros fabulosos (Datsun SSS, Mercedes descapotável e um outro, enorme, que ignoro a marca)! Constava que a fortuna se devia à compra de acções na posse de famílias portuguesas do Banco do Brasil.
Era um apoio enorme, para muitos dos estudantes brasileiros que cá estudavam.
Fui amigo dele e não sei o que se passou com ele após o seu regresso ao Brasil.

11:47 da manhã  
Blogger J.Pierre Silva disse...

Parece-me haver bastantes imprecisões sobre o assunto.
Deixo aqui um contributo: http://notasemelodias.blogspot.com/2008/09/notas-sobre-o-grito-acadmico-fra.html

8:20 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial

Powered by Blogger

-->

Referer.org