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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Constança Cunha e Sá não apreciou Saramago

Causas e Consequências - Hino à ignorância
O livro de Saramago é como o vídeo de Maitê Proença: um hino vivo aos píncaros da ignorância.
Especialista em pequenos golpes publicitários, Jose Saramago lançou, esta semana, um livrinho sobre Caim que o próprio, com a sua reconhecida modéstia, considera ser um exercício "divertidíssimo" contra "toda e qualquer religião".
Tendo em conta este nobre objectivo, o escritor usou a apresentação de Caim para debitar umas opiniões firmes sobre Deus, a Igreja e a Bíblia, em particular sobre o Antigo Testamento, que ele notoriamente não conhece.
Como a ignorância é livre e, em Portugal, tem mesmo direitos de cidadania, Saramago não se coíbe no que toca aos mais improváveis disparates. Com a profundidade de uma poça, garante solenemente que a Bíblia é "um manual de maus costumes", impróprio para crianças, que tudo o que lá está é "absurdo e disparatado"; que Deus, embora não exista, deve ser devidamente responsabilizado por todos os males da humanidade; que a "insolência reaccionária" da Igreja tem que ser combatida com a "insolência da inteligência viva"; e que o Papa é "cínico" por "ter a coragem de invocar Deus (…), um Deus que ele jamais viu e com quem nunca se sentou para tomar café".
Ou para comer um croquete, já agora, com um cigarro pelo meio e meia dúzia de piadas a rematar.
Do que aqui fica dito, percebe-se que para Saramago a Bíblia é uma espécie de romance de cordel para adultos, recheado de imoralidades várias que não se compadecem com a doce inocência da infância. A ideia de que um livro sagrado, não sendo fácil de interpretar, tem uma chave de leitura que exige um conhecimento profundo da história, da geografia, da língua e do fenómeno religioso é-lhe manifestamente estranha.
Saramago, como é óbvio, dispensa esse tipo de qualificações. Para falar sobre a Bíblia basta-lhe uma leiturinha pela rama, meia dúzia de frases ocas e a necessidade de criar uma conveniente polémica que o ajude a vender o livro que escrevinhou em tempo recorde. Desta vez, as suas esperanças depositam-se nos judeus – já que os católicos, segundo o próprio, não perdem tempo a ler o Antigo Testamento e não podem, portanto, fazer-lhe o jeito e contribuir para o sucesso editorial da obra.
Confesso, no entanto, que não vejo razões para grandes polémicas ou para fundadas indignações. As diatribes de Saramago são como o vídeo de Maitê Proença: um hino vivo à ignorância.
Constança Cunha e Sá, Jornalista

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15 Comentários:

Blogger RI-RI disse...

Maçonaria versus Opus Dei...
Porque não?
Antes às claras!!!

9:36 da tarde  
Blogger Laura Sarmento disse...

Só pergunto: e não é verdade que a maioria dos Católicos não conhece efectivamente o Antigo Testamento? E pergunto mais: se a Constança acha que isto não deve alimentar polémica, não tem um bom remédio? Fica calada. Só é digno de atenção quem a merece. Ela já deu atenção suficiente. E atenção que quando escreve, não está a ser lida apenas por Católicos. Está também a ser lida por mim e outros como eu. E eu só considero hinos a qualquer coisa quando entendo que devo considerar e não quando me dizem. Só para acabar, não aprecio Saramago, mas respeito. Gosto de ouvir a Constança, mas os bons também sabem decepcionar.

9:43 da tarde  
Blogger RI-RI disse...

Laura, os Jesuítas são passado, digo eu...






"The rest is silence"

9:51 da tarde  
Blogger Laura Sarmento disse...

Conforme os jesuítas, Ri-Ri...aqueles cobertos com aquela plaquinha de açúcar e folhado no meio...oxalá não acabem nunca! :)) Mas agora falando a sério...o Saramago conseguiu agitar as hostes...bem feito, bem conseguido. Para a próxima, toca a calar e engolir. Viste a Igreja Católica estrebuchar muito? Eu não...Serviu-lhes de lição quando saíu o Código da Vinci, que foi tudo a correr para as livrarias, católicos e não católicos. Agora amainaram, talvez porque aprenderam a não tapar o sol com a peneira da absoluta pureza...

10:04 da tarde  
Blogger RI-RI disse...

Quando não gostam, queimam-nos!
Os livros, claro!!!
Sim, não é exclusivo do Islão.

10:10 da tarde  
Blogger Laura Sarmento disse...

Sabes que mais, RI-RI? Raios partam os extremistas, sejam eles quem forem...arrogantes, idem aspas...restamos nós, almas boas, cordiais, respeitadoras, etc, etc...

10:13 da tarde  
Blogger RI-RI disse...

O Sporting...
Empatou...
Não é extremista!!!

10:17 da tarde  
Blogger Manuela Curado disse...

Boa converseta, meninos.
Agora falto eu. A vossa sorte é estar com a cabeça feita num molho de bróculos.
O próximo capítulo fica para amanhã.

MARIAZINHA, um beijinho.
Vejo que já voltou à terra Lusa.
Seja benvinda.

10:23 da tarde  
Blogger RI-RI disse...

Também gosto!
São verdes!





Os bróculos.

10:29 da tarde  
Blogger RI-RI disse...

Quem é a Constança de Cunha y Sá?

10:36 da tarde  
Blogger Laura Sarmento disse...

an? Y Sá? eheheheheh Eu sou Laura Y Sarmento. E ósdespois?

10:59 da tarde  
Blogger MAC disse...

Agradecida Nela pelas boas vindas à nossa "santa terrinha"

É sempre com agrado que após um período de férias quer no país, quer no estrangeiro, retorno ao “meu mundo” e mato as saudades dos meus animais, das minhas plantas, enfim, de ambiente que me rodeia e das coisas que me passam pelas mãos no meu quotidiano.

É evidente que mesmo no alto mar de modo algum me alheei completamente do meu país, e recorria à Internet, ao fim da tarde ou por vezes à noite para ler a correspondência e me manter minimamente actualizada, foi também uma coincidência ter tomado conhecimento deste depoimento da jornalista Constança Beirão da Cunha e Sá precisamente quando me encontrava em Lanzarote.

Interessante pois serviu de tema de dissertação ao jantar com o grupo.

Um abracinho,

Mariazinha da Silveira

11:35 da tarde  
Blogger Pedro Sarmento disse...

Nem o 31 resolve Ri-Ri, será Jesuita o gajo?? Se a CC YSá sabe tamos tramado temos de naturalizar o gajo Brasileiro outra vez.

11:45 da tarde  
Blogger aminhapele disse...

Pela Constança?!
Talvez uma petição.
Terá direito a comer o seu jesuíta.

12:31 da manhã  
Blogger Manuel Cruz disse...

Este "caim" tem, ao contrário das obras anteriores do Saramago, um problema a resolver, que pode levar os mais desatentos como a Constânça, a desvalorizarem a prosa. Refiro-me aos primeiros digamos "salmos", que parecem integrar uma obra banal.
Puro erro, de metade em diante o "caim" volta ao nível do melhor do Saramago.
Por mimi, recomendo vivamente que não se faça juízo da obra sem a ter lido pelo menos duas vezes.

6:25 da tarde  

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