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sábado, 30 de janeiro de 2010

Mais Tropa Feminina


Pois eu e a minha Mana bem como a minha primalhada toda, tínhamos um medo terrível da D. Adozinda que era da 3 e 4 classes que só por as lousas irem feias ou mancharem os cadernos dava reguadas que até faiscavam. E quem tinha algum erro era com a cana nas pernas ou na cabeça!!! Depois outra fera era a tal D. Hermínia, directora feia, solteirona bigode, atarracada sem pescoço, e a irmã menos boçal, mas ainda mais tirana do que esta e lá estávamos entregues a estes bichos…no dito Colégio Alexandre Herculano. E os nossos Pais confiavam que sairíamos de lá tão impecáveis como num bom colégio da Suiça! Na verdade aprender aprendíamos e éramos direitinhas como um fuso, mas sentia-me tão amordaçada e infeliz! Tão angustiada às segundas-feiras! O elitismo que se cultivava entre as meninas ditas de "limoges" e as de louça de Coimbra, traumatizou-me, complexou-me por muitos anos apesar de sermos boas alunas e muito "escuteiras". A D. Elvira ainda era a mais humana e parrana o que amenizava o ambiente! E lembram-se em Maio lá havia a Festa no Teatro Avenida íamos todas num carrão inglês muito contentes por pisarmos um Palco, que grande acontecimento, mas até aí não eram as mais dotadas que seleccionavam para estrelas principais. Eram as tais "limoges" que coitadinhas algumas pareciam umas trouxas! Enfim, cultivámos amizades e havia unidade entre as que se sentiam injustiçadas e como almoçávamos lá mais convivíamos. Ia uma empregada levar-nos num cestinho e eu desesperada para sair!!! Que suplício! Mas ainda hoje me dou muito bem com algumas colegas dessa época. Num certo dia, a minha Mãe que estudou lá também e conhecia o ambiente, tomou a decisão histórica de convencer o meu Pai a meter-nos no Liceu Infanta D. Maria. Que alívio embora também tivesse “feras” e uma disciplina hitleriana, mas sempre éramos mais e as discrepâncias elitistas esbatiam-se no meio de tanta cachopa!
Agora confesso-vos uma coisa, tive boas e competentes professoras e os seus ensinamentos ainda hoje perduram, mas muitas das ideias castrantes e das injustiças que nos faziam, foram muito negativas para muitas meninas! Eu por exemplo, tive a sorte de ser forte de espírito e de possuir muita alegria interior, ultrapassei os complexos e as injustiças, também ajudada pelo carinho que tinha em casa. Mas atenção… hoje em dia já não se admitem erros desta natureza e com a agravante de muitas das crianças não terem à sua espera quando chegam a casa, uma Avó ou uma Mamã ou manos mais velhos para desabafarem ou pedirem carinhos!

Isabel Melga num comentario antigo

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1 Comentários:

Blogger Isabel Melga disse...

Entre esta "tropa", os miúdos ainda tinham o ombro das avós, que as esperavam. Agora as opções são poucas, por vezes até terão de ser rotativas, mas talvez existam, basta pararmos para reflectirmos sobre isso…
Já nem me lembrava que tinha escrito este texto e certamente a propósito dos aspectos positivos e negativos do Ensino Público e do Privado. Agora continuo a defender que o ensino público é o melhor por uma questão económica, por ser mais equilibrado em termos sociais, em apoio logístico. Embora o Privado na sua maioria coloca à disposição dos meninos apetrechos de conhecimentos mais avançados onde os outros não poderão competir. O problemático é conciliar os horários destes estabelecimentos de ensino com os horários das profissões dos Pais! Aonde ficam entretanto os meninos? Geralmente não vivem como no nosso tempo, na mesma terra ou perto da casa de avós ou de alguma tia. Aí é que está o problema e então ou os filhos ficam lá nas aulas de estudo fechados desde manhã! Ou os metem (quer gostem ou não, quer tenham aptidões ou não), em todo o tipo de actividades extra-escolares, sejam desportivas, musicais (geralmente as mais baratas e perto) e as pobres das crianças nem tempo lhes sobra depois para brincarem e se gozarem do seu quarto e das suas histórias ou brinquedos! Surge desta forma outro tipo de castração embora digam que é para eles ficarem mais bem apetrechados para a vida, para se equiparem intelectualmente para o seu futuro! Mas que Vida? Mas que futuro? Uma Vida e um Futuro “sem alma”, sem referências de vizinhos, de primos, de brincadeiras? Estão a formar crianças autómatos? Só conhecem o Mundo virtual, as brincadeiras virtuais? Ou as ciladas e “cabra-cega” pela net , televisão, enquanto aguardam os seus progenitores que nem sequer tempo terão para lhes perguntarem o que fizeram, como decorreu o dia, de que gostarem mais? Nas férias metem-nos em Campos de Férias, tudo bem para se desenvolverem e criarem defesas se houvesse uma estrutura familiar sólida e unida ao longo do ano. Assim não acontecendo, então quando é que a pequenada e os jovens se identificam com a família, quando é que conhecem as suas raízes? Quando fortalecem os seus afectos? Depois ouço muitas das vezes um queixume e acreditem que é mais comum do que pensam…”hoje em dia os jovens são tão desprendidos da família", ou então: mudam de amigos como quem muda de camisa! Não ligam a aniversários de Família, etc”…Mas admiram-se? Quem não “semeia não colhe”, confesso que equacionar este problema é complicado. Talvez os Pais e os adultos em geral toda a Sociedade, deveriam unir-se e questionarem-se uns aos outros para avaliarem sobre o que seria possível esperar de cada uma das entidades responsáveis. Afinal o que pesará mais na “balança”? Ter uma qualidade de vida super ou muito boa, ou contentarem-se com menos e possuírem maior equilíbrio emocional, conhecerem mais profundamente as necessidades dos que coabitam com vocês? Os jovens acabam por ficar uns papagaios muito bem-parecidos, com canudos e mestrados, mas aonde está a dita “Alma”? Está vazia, é talvez exagerado ou chocante mas é um pouco esta a realidade! Uma realidade com consequências funestas. Jovens inseguros e frágeis até com receio de amarem sem saberem o porquê!!

2:40 da manhã  

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