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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

DESCOBRIR PORTUGAL

Ao começar este texto, recordo as palavras do meu amigo Manuel Cruz , que não vejo há muitos anos, e que vivia ali para os lados da Rua do “volta atrás” e era, entre outros, meu adversário nas corridas de “latinhas” na nossa inesquecível Praça dos Baloiços. Diz então o Manuel, que Belver é uma jóia. Pois é. Mas à fotografia falta alma, pois o Castelo observado da margem esquerda, com a povoação a seus pés é outra realidade. O contraste entre a fortaleza de pedra negra e o branco do casario das humildes habitações, dá para horas de contemplação e, à nossa maneira, voarmos nas asas do pensamento e calcorrearmos as veredas do Tempo. Do Castelo recordar que foi construído no reinado de D. Sancho I, tendo como seu responsável Afonso Pais. No ano de 1 194 começou a ganhar forma, tendo sido reconstruído em 1390 por D. Nuno Álvares Pereira. De Belver, recordar ainda algumas casas de traça austera, com janelas e varandas que, pela sua beleza, não deixa indiferente o viajante. Pelo caminho, uma moagem de azeitona, ostentando na fachada um painel em azulejo, com uma homenagem a Santo Isidro, padroeiro dos agricultores.

Já na margem esquerda, por uma estrada estreita e alcatroada, chegamos à vila do Gavião. Sendo Alto Alentejo, ter-se-ia a percepção de uma povoação parada no Tempo. Mas não é verdade. Há um movimento considerável de viaturas, nomeadamente camiões e sente-se o pulsar da vila. É um povo cortês, sempre que se pede uma informação….almoçar?...pois, no meio da avenida há um restaurante que serve bem. E lá fomos nós até ao “Ideias Marinadas”. O nome é apelativo. O ambiente também. Empregados solícitos e umas “migas alentejanas” com “secretos de porco preto”, de calar o mais exigente. Vinho alentejano servido em jarro de barro.
De novo na estrada, alguns quilómetros à frente, uma placa indica a Barragem de Belver. Descemos por uma longa fita de alcatrão sinuosa e estreita, e temos a sensação que caímos no poço do mundo. O silêncio é avassalador. Uma paragem junto à albufeira da barragem. Umas fotos para recordar. Por uma passagem acanhada, junto àquele “monumento” de betão, alcançamos a margem direita do Tejo. Foi tempo de regressar. Para trás, ficou o Castelo no seu reduto, o casario disperso e as cores plasmadas de Inverno, num dia que teve sabor a Primavera. Quito Pereira

7 Comentários:

Blogger DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Como vês...."ideias marinadas" não nos faltam!
Descobre-se Portugal...mas também a França!

4:46 da tarde  
Blogger Manuela Curado disse...

Para esquecer os dias pardacentos... a agradável viagem por terras do Alentejo.
Para recordar,segui lentamente todos teus passos.
No Outono, num desses compridos
fins de semana,passei nessa área.
Todo o Alentejo me encanta.
O seu clima, o sossego, a gastronomia e as gentes afáveis e acolhedoras.
Esta é, aliás, a característica de todas as zonas não urbanas do nosso país.
Mas por estar mais próximo e porque a chuva é muito menos abundante, torna-se destino privilegiado.

7:58 da tarde  
Blogger Chico Torreira disse...

Quito Pereira

De facto andas mesmo a ver essas lindas terras que provávelmente já conhecias. Se de Belver não me lembro já do Gavião recordo-me bem, pois passei lá muitas vezes nas minhas idas para o Alentejo. É uma zona de Portugal que gosto muito, assim como certas em Trás-os-Montes. Os azulejos da moagem faz-nos vir à memória uma série de recordações desse lindo país assim como a varanda na segunda fotografia. Enfim, vais alimentando o blog, a nós e os nossos olhos. Bem hajas

Já agora aproveito para Te lembrar que hoje pûs um anúncio de uma circular para teres uma ideia de como fazem cá certos preços, em certas alturas, para chamar a clientela. Parece que aí como cá, há quem ande a precisar de umas tesouradas.

Um abraço,

Chico

2:08 da manhã  
Blogger Chico Torreira disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

2:08 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Belo roteiro Quito.

Dia 26 (sempre na última sexta feira de Fevereiro) sai um combóio (quase) especial, de Santa Apolónia, com paragens diversas, até ao apeadeiro de Belver.

Ali, no cais, junto à linha, a Guarda da Passagem serve uma lampreia memorável, também pela quantidade.

Uma Confraria, claro! Não sei bem se da "lampreia " se dos "ferroviários".

Antonio Adão

2:15 da manhã  
Blogger Quito disse...

Um abraço a todos. Por uns dias estarei ausente. Desejo um bom carnaval a todos...

10:26 da manhã  
Blogger celeste maria disse...

Bela atua descrição,como já nos habituaste!

6:18 da tarde  

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