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terça-feira, 30 de março de 2010

Reflexão

Parece-me mais do que evidente que os Portugueses, de uma maneira geral, são sensíveis a catástrofes. E foram muitas as que ultimamente atingiram de forma violenta vários pontos do Planeta. A Comunicação Social lá nos vai dando conta das tragédias, quer através de imagens exageradamente repetidas, quer através de entrevistas às vítimas e/ou observadores que nem sempre referem o que realmente interessa, porque também desinteressantes e desnecessárias são, por vezes, as questões que lhes são colocadas.
Passada a fase do choque seguem-se as inúmeras campanhas de solidariedade. Também largamente divulgadas (e bem) pela Comunicação Social.
Veja-se o caso da Madeira. Lá apareceram as imagens e depoimentos repetidos vezes sem conta. Pois os madeirenses (e não só, julgo eu) arregaçaram as mangas e, sem esperarem por subsídios, limparam lojas, casas e ruas de tal maneira que em pouco mais de um mês algumas zonas estavam recuperadas. Pena que as imagens dessa notável recuperação não tenham passado com tanta frequência! Parece que se dá mais importância ao lado negativo do que ao positivo.
E já agora falemos dos contributos. Foi, se não me engano, na semana passada que li num jornal diário uma notícia (pequenina!) de uma instituição que estava à espera do dinheiro de uma qualquer campanha de solidariedade, dinheiro que demorava a chegar. Mais tarde vi na televisão uma notícia sobre uma localidade que também esperava por ajudas. E pus-me a pensar. Não seria interessante a Comunicação Social transmitir (mesmo repetidamente) o destino dado aos vários contributos de tantos Portugueses? Eu cá já me interroguei algumas vezes: “ Será que o meu gesto solidário serviu para alguma coisa?” A sério que gostava de saber. Vocês não?
Titá

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14 Comentários:

Blogger DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Concordo com o que escreves!
Os contributos deviam chegar muito mais ràpidamente aos que mais precisam!
Muito do que já foi feito na recuparação dos lugares mais atingidos da Madeira, foi feito com a colaboração dos habitantes afectados e por algumas empresas sem saberem se iam ser compensados...pois se estivessem à espera do dinheiro das campanhas, ainda nem sequer tinham começado!

2:00 da manhã  
Blogger Chico Torreira disse...

Excelente "reflexão", pois enfrenta a realidade dos nossos dias com uma clareza todal. Infelizmente para a comunicação social "boas notícias, não são notícias" e com tal andamos dentro de um clima de terror e descrença. O resultado é que as pessoas dos mais diversos países, perderam o orgulho de serem quem são. As boas notícias consideradas banais não são apresentadas e as de valor passam uma vez e depressa, sem a mesma ênfase que uma má notícia e raramente são repetidas. Quanto à verificação da utilidade do dinheiro e bens oferecidos, na Madeira talvez não seja bem assim mas na maior parte dos locais deste mundo, só cinquenta por cento chega aos necessitados. Só que se todos parassem de dar, nem esses poucos receberiam. Os pobres dos países ricos, ajudam os ricos dos países pobres.

4:07 da manhã  
Blogger RI-RI disse...

Pois é, Titá.

9:59 da manhã  
Blogger Isabel Parreiral disse...

Estou contigo, Titá!
Mas será que quem vai distribuir o produto dessas campanhas estará interessado em divulgar quanto recolheu e como procedeu à aplicação dos contributos dos portugueses?
Provavelmente interessa estar caladinho, depois de apanhar o bolo...

11:06 da manhã  
Blogger Quito disse...

Boa reflexão. Nada de isto me parece completamente transparente, embora eu não tenha nada que realmente me diga que há fraude.
Sei, contudo, que em relação a bens comestíveis, por vezes apodrecem no destino para onde foram mandados por incúria. Da Madeira pouco se tem falado da reconstrução. No Funchal tudo corre a bom ritmo, mas nas outras zonas o caos continua. Mas a catástrofe foi enorme e diz quem viu e de lá veio, que o que se vê na TV nada tem a ver com a tragédia ao vivo.É muito pior !!! Tenhamos esperança que a solidariedade e boa vontade dos portugueses chegue rápidamente ao sítio certo. Todos desejamos isso...

2:16 da tarde  
Blogger cota13 disse...

Espero que não seja mais uma operação PIRAMIDE, de má memória.
Tonito.

7:35 da tarde  
Blogger Lekas Soares disse...

Eu também gostava de saber! Penso que o problema é que é sempre tanto dinheiro e bens que são dados que os que recebem(?) nem sabem o que lhes devam fazer e tunga - toca a guardar no banco em seu nome. É "só" por isso... Pobrezinhos! Coitadinhos! É sempre com a melhor das intenções. Já repararam que todos dizem a mesma coisa? "Estou de consciência tranquila!" Dá-me cá uma raiva

8:15 da tarde  
Blogger celeste maria disse...

Vou contra-corrente,pois acredito que há pessoas honestas e capazes de fazer chegar a bom porto as dádivas de todos os corações de boa vontade.

Será que não estaremos nós,perante tanta desconfiança, a fazer prevalecer a má notícia?!

Tenhamos esperança.

9:29 da tarde  
Blogger Bobbyzé disse...

Pessoal, temos que abrir os olhos!!
Vivemos numa sociedade onde prevalecem de maneira assustadora, os interesses financeiros e se deixam completamente de lado, os aspectos humanos!!Aqui também tanto se falou na catastrofe do Haiti. Agora? Absolutamente nada!!Porquê? Porque visualmente tem muito mais impacto verem-se as desgraças humanas do que a reconstruçao ambiental!!Fico por vezes parvinho de todo ao ver o Telejornal da RTP!!Imagens repetidas à go-go, intervençoes dos jornalistas completamente disparatadas e, sobretudo uma duraçao EXCESSIVA das ditas informaçoes!!!Uma hora aproximadamente e com pausa para a publicidade!!INCRIVEL!!!
Sabiam que nos canais publicos Franceses està proibida a publicidade depois das 20h?
Refiro-me unicamente ao Telejornal, pois também hà por cà fracos programas!!!

Para voltar ao assunto citado (e muito bem) pela Tità, conto-vos a minha experiência! Quando cheguei pela 1a vez ao Camboja, fiquei parvinho ao ver tanto Jeep da marca LEXUS, um dos mais caros do mercado automovel!!Sabendo que o salàrio médio rondava os 40€/mês, pensei "onde é que eles vao arranjar dinheiro para pagar esses carros?". E preciso que saibam que em Phnom Penh, hà 853 ONG (organizaçoes nao governamentais). A maior parte delas tem por missao escolarizar as crianças recuperadas nas lixeiras!!!Acontece que os Ocidentais que estao à cabeça dessas ONG recolhem milhoes de dolares de dons!!Desses dons, apenas uma infima parte é utilizada nesse objectivo!Se vissem os carros que saem dessas ONG e as sedes, dum luxo escandalisante, compreenderiam melhor a minha atitude nesse sector!!
Desde que o Director da Liga contra o Cancro em França, foi condenado hà vàrios anos atràs por ter gasto milhoes desses dons em barcos de recreio e apartamentos, so dou com garantias!!!
Em França, os dons baixaram muito!Nao so pela crise mas também porque as pessoas nao sao eternamente parvas!!!!
Mas cada um deve agir conforme a sua consciência!!!!

10:19 da tarde  
Blogger DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

POIS É! HÁ SEMPRE QUEM SE APROVEITE, DESCARADAMENTE, DA DESGRAÇA ALHEIA! JL

IMORALIDADE nas chamadas telefónicas de Solidariedade




É uma vergonha o que se passa com o valor das chamadas telefónicas de ajuda a vítimas de catástrofes.

Vejamos então o que se passa com as ditas chamadas:

Cada chamada custa a quem a faz 72 centimos (60 centimos + IVA).
No entanto para as organizações de ajuda no terreno são canalizados apenas 50 centimos, ou seja mais ou menos 69% do que pagámos.
Os restantes 31% - 22 cêntimos - vão uma parte para o IVA – 20% e restante não sabemos bem para
quem.

Assim dos 72 centimos que oferecemos temos que:

- organizações de Solideriedade recebem 50 centimos

- para os cofres do governo através do IVA 20% 12 cêntimos

- não sabemos exactamente para quem vai 10 centimos


É aqui que acho haver uma grande IMORALIDADE pois estas chamadas têm o mesmo tratamento por parte das autoridades que qualquer outra chamada de valor acrescentado, como se a pessoa que a efectua estivesse num qualquer concurso que agora por aí prolíferam, e não a ajudar quem necessita.



Mais ainda é de estranhar mais uma vez que se fizermos um donativo em dinheiro para qualquer instituição de solideriedade a pessoa ou entidade que o faz vai ter benefícios fiscais em sede de IRS e IRC conforme seja pessoa singular ou colectiva.

É claro que se analizarmos isto apenas por uma chamada, os valores são irrisórios.

No entanto é preciso não esquecer que são muitos milhares de chamadas que estão em questão.



Vejamos um exemplo:

É vulgar ouvirmos, numa qualquer estação de televisão que esteja a patrocinar uma dessas campanhas, que já conseguiram angariar 200.000 euros para uma tal organização. Asim temos que foram feitas 400.000 chamadas que custaram a quem as fez 288.000 eurs ou seja mais 44% do que o valor que a organização recebeu, sendo que 40.000 euros (20%) não sabemos exactamente para onde foram e os outros 48.000 euros (24%) foram para o governo através do IVA.
Ora olhando para os números acima temos que concordar que o negócio é no mínimo apetecível.

Por isso acho vergonhoso e IMORAL e é obrigação de todos alertarmos para esta situação divulgando-a o mais possível com o fim
de que pelo menos o valor do IVA seja retirado ou melhor ainda, seja acrescentado aos tais 50 centimos e entregarem não 50 mas 62 centimos ás organizações de soliriedade que actuam no terreno.

Em relação aos outros 10 centimos é de lamentar como se aproveita o sofrimento de uns e a solideriedade de outros para se fazer negócio.

Divulgar o mais possivel

12:17 da manhã  
Blogger Isabel Melga disse...

Dou os meus Parabéns a quem levantou tão pertinente comentário e a todos os participantes mas não basta falar-se. Deveríamos fazer passar esta mesma mensagem do que foi aqui escrito e enviar-se para a Assembleia da República, divulgando ainda pelos jornais com mais tiragem, que me dizem? Isabel Carvalho

1:07 da manhã  
Blogger Bobbyzé disse...

Serà que a Imprensa por ai nao é controlada pelo Estado ou pelos partidos politicos?

9:01 da manhã  
Blogger RI-RI disse...

Ou o económico...
Queres ver que em França é diferente?!

4:30 da tarde  
Anonymous Titá disse...

Quando escrevi o texto referia-me apenas ao facto da Comunicação Social nos "bombardear" com notícias quando há uma qualquer catástrofe, não tendo depois a preocupação de nos informar dos benefícios trazidos pelos muitos contributos da população que adere às campanhas de solidariedade. Por acaso largamente divulgadas pela mesma Comunicação Social. Nem sequer estava a pôr em causa a seriedade dessas campanhas. Isso seria outra conversa. Que também tem muito que se lhe diga.

10:08 da tarde  

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