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quinta-feira, 14 de abril de 2011

GERAÇÃO À RASCA OU GERAÇÃO MAL HABITUADA?


UMA VISÃO CRUA DO PRESENTE - QUE, SUPONHO, NÃO IRÁ ESCANDALIZAR OS MAIS VELHOS:

A geração dos meus pais não foi uma geração à rasca.
Foi uma geração com capacidade para se desenrascar.
Numa terriola do Minho as condições de vida não eram as melhores.
Mas o meu pai António não ficou de braços cruzados à espera do Estado
ou de quem quer que fosse para se desenrascar.
Veio para Lisboa, aos 14 anos, onde um seu irmão, um pouco mais velho,
o Artur, já se encontrava.
Mais tarde veio o Joaquim, o irmão mais novo.
Apenas sabendo tratar da terra e do pastoreio, perdidos na grande e
desconhecida Lisboa, lançaram-se à vida.
Porque recusaram ser uma geração à rasca, fizeram uma coisa muito simples.
FORAM TRABALHAR.

Não havia condições para fazerem o que sabiam e gostavam.
Não ficaram à espera.
Foram taberneiros.
Foram carvoeiros.
Fizeram milhares de bolas de carvão e serviram milhares de copos de
vinho ao balcão.
Foram simples empregados de tasca.
Mas pouparam.
E quando surgiu a oportunidade estabeleceram-se como comerciantes no ramo.
Cada um à sua maneira foram-se desenrascando.
Porque sempre assumiram as suas vidas pelas suas próprias mãos.
Porque sempre acreditaram neles próprios.

E nós, eu e os meus primos, nunca passámos por necessidades básicas.
Nós, eu e os meus primos, sempre tivémos a possibilidade de acesso ao
ensino e à formação como ferramentas para o futuro.
Uns aproveitaram melhor, outros nem tanto, mas todos tiveram as
condições que necessitaram.
E é este o exemplo de vida que, ainda hoje, com 60 anos, me norteia e me conduz.

Salvaguardadas as diferenças dos tempos mantenho este espírito.
Não preciso das ajudas do Estado.
Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se.
Não preciso das ajudas da família que também têm as suas próprias vidas.
Não preciso das ajudas dos vizinhos e amigos.
Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se.

Preciso de mim.
Só de mim.
E, por isso, não sou, nunca fui, de qualquer geração à rasca.
PORQUE ME DESENRASCO.
Porque sempre me desenrasquei.

O mal desta auto-intitulada geração à rasca é a INCAPACIDADE que revelam.
Habituados, mal habituados, a terem tudo de mão beijada.
Habituados, mal habituados, a não precisarem de lutar por nada porque
tudo lhes foi sendo oferecido.
Habituados, mal habituados, a pensarem que lhes bastaria um canudo de
um qualquer curso dito superior para terem garantida a eterna e fácil
prosperidade.
Sentem-se desiludidos.

E a culpa desta desilusão é dos "papás" que os convenceram que a vida
é um mar de rosas.
Mas não é.
É altura de aprenderem a ser humildes.
É altura de fazerem opções.
Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não encontram emprego "digno".
Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não conseguem ganhar o
dinheiro que possa sustentar, de imediato, a vida que os acostumaram a
pensar ser facilmente conseguida.
Experimentem dar tempo ao tempo, e entretanto, deitem a mão a qualquer coisa.
MEXAM-SE!!! TRABALHEM!!!
Aprendam a ganhar dinheiro.
Nao fiquem sentados no sofá ou á mesa a reclamar com tudo e todos.
Aproveitem melhor esse tempo e levantem-se pa fazer um part-time
extra.
Custa muito? Obvio que sim.
As reclamações por tudo e por nada são muito mais faceis e não sai do
corpo, mas lembrem-se que não alimentam os nossos filhos!!!
Na loja do Shopping.
Porque não ?
Aaaahhh... porque é Doutor...
Doutor em loja de Shopping não dá status social.
Pois não.
Mas dá algum dinheiro. Não é isso que todos precisamos para viver?
Então mostrem quem têm valor a trabalhar e não a reclamar e logo
chegará o tempo em que irão encontrar o tal e ambicionado emprego
"digno".
O tal que dá status.

O meu pai e tios fizeram bolas de carvão e venderam copos de vinho.
Eu, que sou Informático, System Engineer, em alturas de aperto, vendi
bolos, calças de ganga, trabalhei em cafés, etc. Nunca tive vergonha,
mas sempre tive dinheiro suficiente para não reclamar e alimentar os
meus filhos.
E garanto-vos que sou hoje muito melhor e mais reconhecido socialmente
do que se sempre tivesse tido a papinha toda feita.

Geração à rasca ?
VÃO TRABALHAR QUE ISSO PASSA.

À rasca, mesmo à rasca, também já tenho estado.
Mas vou à casa de banho e passa-me....

Etiquetas:

5 Comentários:

Blogger Manuela Curado disse...

Geração mal habituada...
Após os primeiros tempos de casada houve necessidade de recorrer ao tal "part-time"...com alegria e convicção!

2:38 da tarde  
Blogger Manuel Cruz disse...

Não compreendo. Então pensam que é possível meter uma geração do seculo XXI na realidade da primeira metade do século XX.

9:49 da tarde  
Blogger Manuela Curado disse...

Realidade da segunda metade do séc. XX.
Ao que me parece nunca o homem poderá deixar de trabalhar e o "vil metal" sem trabalho não é reproduzível.

9:55 da tarde  
Blogger LENA disse...

muito bem analisado, concordo plenamente com o que está escrito, esta geração foi muito mal habituada, tem tudo de mão beijada como dizes, tem que mudar mentalidades e meter mãos á obra, ir á luta e aprenderem a desenrascar-se sozinho sem estar à espera que "lhe deem o peixe, tem a cana e vão pescar"

12:19 da manhã  
Anonymous JORGE TITO disse...

SUBSCREVO E, MUI RESPEITOSAMENTE, AQUI VAI A MINHA "CHAPELADA".
TU BEM SABES QUE CONHECI O TEU PAI,QUE FOI TAMBÉM UM GRANDE HOMEM À FRENTE DE UMA GRANDE FAMÍLIA E OS TEUS IRMÃOS QUE RECORDO SEMPRE COM MUITA TERNURA - GENTE DE BEM!
É ASSIM MESMO "QUE SE FALA", MEU QUERIDO AMIGO.

10:14 da tarde  

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