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domingo, 28 de agosto de 2011

FÉRIAS



LIBERDADE

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Engraçado este poema de Fernando Pessoa transporta-me ao passado, aprendi-o nos bancos da escola. Os bons velhos tempos, exigentes,bons professores, talvez seja por isso que ainda hoje recordemos com saudade o passado estudantil onde o saber não ocupava lugar. :-)

Mariazinha da Silveira

6:14 da tarde  

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