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terça-feira, 27 de março de 2012

AS NOITES DE LISBOA

26 | 03 | 2012 20.12H
Luisa Castel-Branco

Vi na televisão uma reportagem comparando várias profissões em Portugal e na Alemanha, quer em termos do que ganhavam e gastam como no modo de vida. Também mostrava o dia-a-dia de estrangeiros a viverem em Portugal há 20 anos. Além da diferença abismal dos ordenados, o mais interessante foi ver que quer na Alemanha, quer os alemães em Portugal tinham como normal e salutar os jovens trabalharem nas férias para ganharem o seu dinheiro e não percebiam porque é que tal não acontecia em Portugal.

Da mesma forma se ouvirmos qualquer entrevista, a primeira coisa que os portugueses dizem é que querem dar tudo aos filhos e não conseguem. É este espírito que norteou a educação das gerações mais recentes. E o resultado está à vista. Numa crise profunda, estes jovens não conseguem sequer equacionar aceitar empregos que não estejam ao nível dos seus cursos. Mas a maior parte destes cursos não só não têm colocação como qualquer qualidade.

Resultado? As hipóteses de encontrarem emprego são muito reduzidas e tendo sido criados com acesso a tudo, mesmo que esse tudo custasse aos pais muitos sacrifícios, não sabem viver sem telemóveis e computadores topo de gama, carro ou mota, tudo aquilo que erradamente lhes foi dado em vez de terem trabalhado nas ditas férias para os adquirirem.

Como vai ser possível mudar esta situação não sei. Mas a verdade é que com crise ou sem ela, os jovens desempregados continuam a encher as noites de Lisboa, a abarrotarem de gente nos passeios que lá dentro já esta tudo cheio. Quem paga estas saídas, pergunto eu?

BAIRRO ALTO


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3 Comentários:

Blogger Manuela Curado disse...

Há muito que comento estes factos e ainda esta semana o diretor do Público proclamava-se, também, um seu observador.

O assunto é tão evidente que só um cego é que não quer ver!

9:14 da tarde  
Blogger Chico Torreira disse...

Gostei deste artigo pois toca um assunto muito profundo e de que Porgugal sofre há muito tempo.
É um facto que os jovens não querem aceitar outros trabalhos mas para mim, tal não é só derivado ao tempo de trabalho nas férias. Há estudos que indicam que um aluno pode estudar e trabalhar vinte horas por semana todo o ano fora as férias, sem que tal lhe cause algum problema no aproveitamente escolar. Por aqui é o que faz a grande maioria, o que além de lhes dar uma noção da vida, dá-lhes uma simplicidade que fica com eles para sempre.
No entanto, se eles em Portugal não aceitam chegar ao fim de um curso e aceitar outros trabalhos, por muito que possam ficar admirados com a minha afirmação, acho absolutamente natural.
Além de outros casos e há vários, porque é que um advogado "português" que voltou à terra e está aí hoje bem na sua profissão, aceitou aqui andar a fazer limpezas? – Porque o trabalhador está valorizado.
O problema está na valorização do trabalhador. Se o trabalhador não é valorizado, se não ganha o seu justo salário, para mais com estudos, não quer trabalhar. Assim até já publiquei dois artigos no meu blogue sobre o o mesmo título, Desmistificação, um a 30 de Abril de 2011 e o outro a 23 de Março de 2012, aonde o salário de coveiro ou de electricista, é idêntico ou superior ao de um mestrado. Isto provado com imagens de artigos de jornais para que não hajam dúvidas sobre as minhas afirmações.
Não só eles não têm empregos, como leva à falta de pessoal para certas profissões.
No segundo artigo apresentei mesmo o caso do nosso bairro com jardins lindos, que hoje é um bairro de cimento. Em contrapartida, por estes lados, por todos os lados há jardins maravilhosos com arbustos que me lembram a nossa meninice. O jardineiro aí não foi valorizado, há poucos e muito provávelmente que os que existem serão em empregos ligados com o estado ou cãmaras, grandes empresas, etc.
Pelo que me tenho vindo a aperceber, a atribuição dos salários depende de certos parâmetros como a sabedoria, o esforço, o risco, o traumatismo psicológico que o emprego possa originar, estas situações todas independentes ou interligadas umas com as outras.
Não haja dúvidas que é na américa do norte que têm vindo a dar valor aos trabalhadores e assim um diplomado quando não tem emprego, aceita outros trabalhos. A maior parte das vezes, transitóriamente mas por vezes até fica para a vida pelos mais diversos motivos.

6:00 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Muito bem. Gostei e compreendo por experiência própria o que escreveram. São precisos muitos artigos desses ou uma crise muito profunda para alterar modos de vida desta geração. Tenhamos esperança. Zé Redondo

3:59 da manhã  

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