
Em Oeiras, casada com um alferes miliciano, grudado ao exército por três longos anos, no seu exercício de professor de electromecânica na Escola de Infantaria de Paço de Arcos (71/74).
Os anos correram plácidos e sem sobressaltos, até aquele alvorecer...
Mãe de uma menina e dona de casa por imposição dos tempos e das necessidades, deixava os meses passar sem precipitação ou agonia.
Como na maioria da classe média da época, o dinheiro não abundava. Porém, era suficiente para a satisfação das necessidades do dia a dia.
Casa alugada, carro em segunda mão, adquirido fazia bem pouco tempo, nenhumas dívidas e alto controle.
O nosso "Banco"... a mesinha de cabeçeira, onde religiosamente era depositada a quantia mensal de um "part time" do Vasco, após retirado o dinheiro para as despesas habituais.
Quatro envelopes, com quatro quantias iguais para as quatro semanas do mês que se avizinhava, eram abertos, sempre, com parcimónia.
Nada de luxos nem grandes aventuras, mas tempos muito felizes e de grandes e sinceras amizades.
Criámos um "clã" de amigos que sei... perdudará até à eternidade.
Raro o fim de semana que não se fizesse uma reunião numa das várias casas, com o acompanhamento do respectivo "farnel", claro!!!
Enquanto a pequenada brincava, comíamos, bebíamos, trocávamos ideias e sonhávamos alto.
Uma vida "muito rica", sem consumismo e sem desejos loucos de posse.
Foi em paz e pensando "noutros", que recebi com muito entusiasmo, o que pensei ser... "uma luz fulgurante de uma nova alvorada".
NelaCurado