OS PROTÕES, DO BAIRRO
O Cavalo Selvagem foi pikar o Blog do Gim e sacou material de gente conhecida.

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Um Blog das gentes do Bairro Marechal Carmona a partir dos anos 50. Muitas saudades dos tempos de meninice em que se aprendeu a jogar a bola no Cavalo
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Série cromos do D. João III
Histórias do Bairro
29-05-2008
O FIGARO
Não faço a mínima ideia da razão de ser da alcunha. Ao contrário do que possa parecer o homem não tinha nada a ver com ópera. Foi meu professor de Ciências Naturais no 2º ciclo do liceu.
Eu por natureza já detestava aquelas coisas da dissecação das rãs e dos sapos, de guardar florzinhas espalmadas dentro dos livros, arrepiava-me um esqueleto humano que ele gostava de ter ao lado da secretária, como se fosse seu guarda costas, enfim aquelas aulas eram para mim um suplício.
Mas com o feitio do Figaro a agravar a minha falta de predisposição, acho que fiquei vacinado para o resto da vida.
O Figaro era mau... Digo-o sem rebuço porque notava-se um prazer imenso no seu facies quando pespegava com uma negativa a qualquer um de nós, em especial àqueles que eram tidos como bons alunos nas restantes disciplinas.
Mas, como tantos outros, tinha as suas fraquezas, que nós, atentos, explorávamos sempre que possível.
Aquela peste ( não tem nada a ver com o GIM que era uma peste boa ), era adepto ferrenho do Lusitano de Évora que andou vários anos pela 1ª Divisão do futebol, mas sempre na corda bamba para não descer.
Ou seja, o Lusitano do Vital, do Patalino, do Fialho e do Ze Pedro, raramente ganhava jogos. Empatava muitos e perdia muitos mais, o que quer dizer que o Figaro andava por norma mal disposto por causa dos desgostos que o clube lhe dava.
Mas quando o Lusitano ganhava, o que, como disse, era raríssimo, podíamos aproveitar na 2ª feira seguinte ao jogo para melhorar a nota, porque o Figaro aí abria-se todo.
Num dos exercícios ( teste como agora se diz ) para apuramento da nota do período ( só fazia um exercício por período, com cinco perguntas! ), o Gil, que foi meu colega de turma no 4º ano, estava ser incomodado por uma mosca que não parava de circular em volta da sua cabeça, desconcentrando-o.
Por isso, pediu ao Figaro, que estava sempre atentíssimo aos copianços, autorização para abrir a janela e enxotar a mosca.
O Figaro não autorizou, desconfiado como sempre, e disse-lhe:
- Oh rapaz, deixa lá a avezinha em paz!
Era aquele gajo professor de ciências naturais...
Rui Felício
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OS MOCASSINS DO ARNALDO MENDONÇA
Histórias do Bairro
30-05-2008
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mocassim é um tipo de calçado, mais precisamente um tipo de sapato criado pelos índios norte-americanos. Eram feitos com casca de árvore e eram sem saltos. A sola do sapato subia pelos lados e pela ponta dos pés, e juntava-se com uma peça em couro em forma de "U".
Existem modelos para homens em que esse tipo de sapato se apresenta com formas modernas e saltos com várias alturas e formatos.
Em meados da década de sessenta, surgiu, com algum atraso como era e ainda é costume em Portugal, a moda dos sapatos moucassins.
A malta mais abonada aderiu de imediato, de maneira que começaram a aparecer calçados com o novel modelo de sapato.
A pouco e pouco, com algum sacrifício dos pais, também os menos abonados os foram adquirindo até que, praticamente toda a malta já andava orgulhosamente calçada a preceito.
Práticamente...
Porque alguns havia ainda que os não tinham. Era o caso do Arnaldo Mendonça, que continuava a caminhar com botas de pneu, porque o pai não deve ter acedido aos seus pedidos para comprar uns.
Mas um dia, o Arnaldo aparece no incontornável Café do Silva e ostensivamente andou e cirandou até que o resto da malta finalmente desse pelos seus moucassins novos e fizesse os esperados comentários.
E, claro, as mais dispares observações começaram a chover da parte da malta que, como era hábito, enchia a esplanada do café.
O Arnaldo, satisfeito e orgulhoso, finalmente alapou-se numa das cadeiras vagas, puxou de um cigarro, acendeu-o e no meio da primeira baforada, refastela-se na cadeira cruzando a perna.
Aí é que foi o diabo! Com o cruzar da perna deixou que se visse que os moucassins não tinham sola! Literalmente...
O Chico Nunes, que era uma espécie de residente do Café do Silva, sempre observador e atento, debitou em voz pausada e melíflua:
- Oh Arnaldo os teus moucassins são bestiais! Diferentes de todos quantos eu já tinha visto. Parabéns pá...
- Achas? Porque é que dizes isso? – perguntou entre desconfiado e orgulhoso o bom do Arnaldo.
- Bem, é que os teus sapatos têm ar condicionado e ventilação, explicou o Chico Nunes, apontando para a inexistência de solas...
1. Tinha encontrado os sapatos num caixote do lixo, já com as solas rotas e desfeitas
2. Levou-os para casa, experimentou-os e constatou que lhe serviam
3. Colou-lhes umas folhas de cartolina para suprir a falta das solas
4. Calçou-os e foi a correr ao Café do Silva para que vissem que também ele já tinha uns moucassins
5. Desgraçadamente, esqueceu-se que na caminhada desde a casa dele ( R. Afonso de Albuquerque ) até ao Café, as cartolinas se foram desfazendo, deixando-o de peúgas à vista.
NOTA: Sendo sapatos de índio, os Apaches ( Álvaro, Madeira, Beja, Pombalinho, Branquinho and so on... ) foram os primeiros a começar a utilizá-los ( Vd. Enciclopédia Wikipédia )
Texto de Rui Felício
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Tanto falaram na falta de participação das meninas que aqui estão duas jovens da vossa geração (hoje avós babadas) a participar na conversa. Acedemos a este Blog há pouco tempo e não queremos deixar de dizer alguma coisa.
Antes de mais os nossos parabéns pela ideia. Na idade em que nos encontramos, a recordação dos tempos doces da nossa juventude é um dos motivos que ainda nos fazem sorrir e nos aquecem o coração.
Todas as fotos, os artigos e até os comentários são memórias recheadas de muito significado.
Relatam a meninice e a juventude de uma geração no B.M.C. As nossas memórias do B.M.C, são posteriores, em virtude de só termos ido morar para a Pedro Álvares Cabral em 1961, (na casa dos pais do Fernando Freire).
Somos já da geração do Greco, sítio que apesar de, como diz o Abílio, ser de terra batida e papel cenário nas paredes, nos proporcionou a vivência de tempos muito engraçados, e que para nós as "meninas" dessa época era um oásis dado que não havia as liberdades ou (libertinagem) que há hoje.
Mas ficou a tal amizade, alguns amores e outros tantos desamores, mas tudo faz parte da vida.
Mas portava-se tudo muito bem...Pudera!!! Nem sequer faltava a Comissão de Censura...
Através de um comentário do Blog, sobre o urinol que havia em S. José e das partidas que faziam às meninas, ficámos finalmente a saber quem num célebre dia apanhou a Isabel Parreiral.
Foi um dia de alvoroço e durante uns tempos largos íamos dar uma volta enorme só para não passar aí.
Mas já agora que estamos a falar entre amigos gostávamos de saber quem é que apanhou umas valentes chapeladas??? Isto porque, segundo rezam as crónicas da época, ela chegou a casa com um chapéu de chuva todo partido por se ter virado ao rapaz. Quando se apercebeu que o marmanjo que a agarou pelos ombros e lhe chamou "prima Luísa" não passava afinal de um brincalhão consegui arrancar-lhe o chapéu das mãos e aí foi a risota geral de uns quantos que apreciavam a cena e que estavam combinados com o autor da partida. A Isabel, furiosa, desatou a correr atás do malandreco, a Hélia Águas, que vinha com ela do Liceu, fugiu na dirreção do Bairro e digo-vos, ainda hoje, conseguimos rir-nos quando relembramos o cómico da situação.
Isabel e Helena Parreiral
Foto cedido por Lena Parreiral
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A COISA ESTÁ NEGRA MAS TODOS, TODOS NÓS PODEMOS NOS DIAS 1, 2 e 3 de JUNHO, DAR A RESPOSTA QUE ELES MERECEM !!!!!! NÃO TE ESQUEÇAS TODOS NÓS , ÉS TU TAMBÉM.
NÃO ABASTECER NOS POSTOS DA
GALP, BP E REPSOL
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Leite Braga - Uma figura impar que atravessou varias gerações bairristas
Vamos criar alguns Titulos para que sejam postadas evocações de figuras interessantissimas do nosso Bairro e de que ainda hoje nos lembramos e nos rimos com essas singelezas.
Começamos com Leite Braga que tem sido lembrado nalgumas tropelias da nossa juventude:
- Quando o Gim corria com o gato dele à pedrada. - Anda cá oh Belchior que o sacerdote ainda te mata.-
-Na sueca tinha uma maneira muito especial de contar os pontos da sueca
- treze era tresa maria de Jesus, -
-catorze era c'a trouxa às costas….
O Felicio não esquece uma partida de sueca que fez com o Gim contra ele em que o parceiro dele era o Sérgio que obviamente estava feito eles.
O Felicio puxa um Ás e ele cortou com o Ás de trunfo. Já se preparava para recolher a "vasa", quando com ar admirado viu que o Gim recortou também com Ás de trunfo ( de outro baralho, é claro ).
E disse, desanimado:
Este "sacerdote" tem cá uma vaca!.. Nunca tal me tinha acontecido...
Outra -----------------
Quando ele se queixava da mulher, que se bem se lembram era gordinha ( que me desculpe a linda filha que eles tinham... ), de que se ela se fartava de o azucrinar por causa da bebida:
- A MINHA MULHER É UMA ESFERA! DÁ ME CABO DA PACIÊNCIA!
Claro que a mulher era quase uma esfera, mas o que ele queria dizer é que ela seria uma fera...
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Duas canções de "intervenção" da altura
O Hino do bairro
Teve origem na malta da Praça P ( Açores ) e tinha música de um hino situacionista, cujo nome não me lembro , mas que começava assim:
A Oeste da Europa
E juntinho ao oceano
Está o nosso Portugal
Querido torrão lusitano
Etc, etc,
E a malta adoptou para:
A Oeste de Coimbra
E juntinho ao nosso bairro
Está o nosso lindo club
Querido torrão bairrista
Na sueca o terceiro
O mais valente nos copos
Nas bebedeiras o primeiro
Das valentes bebedeiras
Resultam belas acções
Mesmo próprias dos borrachões
o Peditório de Finados,
com a abóbora ou a caixa de sapatos
Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados
À sombra da santa cruz
Truz, truz, truz
Senhor que está lá dentro
Sentado no seu banquinho
Faz favor de cá vir fora
Para nos dar um tostãozinho…
Se davam alguma coisa, cantava-se
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum anjinho
Se não davam nada
Esta casa cheira a alho
Aqui mora algum espantalho
Ou
Ferrão, ferrão
Esta casa vai ao chão…
E depois era ir até ao marco do correio contar o pecúlio arrecadado….
Texto do Mario Pinheiro Almeida
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- Eh pá, que luxo! Tens uma bicicleta nova e nem dizias nada à gente – atirava o Chico Nunes.
- Nova é como quem diz - corrigia pachorrentamente o Elói. Realmente aquele chaço parece ter mais de cem anos!
- Cem anos não digo, mas para aí uns 90 não deve falhar, completava o Zeca Mestre que se pelava por ser rigoroso nas suas conjecturas.
Enfim, uns elogiavam a nova máquina, outros, a maioria, talvez ressabiada por não ter nenhuma, ia-lhe encontrando defeitos.
O Arnaldo Mendonça reconhecia que não era nova, longe disso, tinha até sido muito barata no ferro velho onde a descobriu, mas que era uma grande máquina, cheia de características ( fosse lá o que fosse isso... ), não tinha dúvidas.
Garantia que ela atingia altas velocidades ( devia ser de algum motor oculto...), e conferia uma completa segurança nas curvas.
E para demonstrar essa magnifica segurança, prontificou-se a fazer uma demonstração.
Montou na bicicleta, tomou balanço, e já em boa velocidade, junto à entrada da Rua Infante Santo, quis fazer uma curva apertada à esquerda, inclinando o corpo e a bicicleta.
O raio é que, quando o Arnaldo guinou repentinamente o guiador para a esquerda, este partiu-se e, claro, não comandou a viragem da roda.
Ou seja, a bicicleta continuou em frente quando o pretendido era que ela flectisse para a R. Infante Santo.
Final da História:
A bicicleta galgou os arbustos do quintal da casa que faz esquina com a Infante Santo e foi aterrar em cima do Sr. Remédios que sossegadamente descansava ao sol num cadeirão dentro do seu próprio quintal.
O Arnaldo, de guiador na mão e um golpe na testa, pedia desculpa ao incrédulo e assustado Sr. Remédios.
E passados tempos, o Sr. Remédios mandou colocar uns arames entrelaçados nos arbustos.
Nunca cheguei a saber se para homogeneizar os arbustos, ou se para evitar futuros acidentes...
Talvez o Arnaldo Mendonça um dia nos possa explicar.
Texto de Rui Felício
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